O velho
As estrelas na ponta do cigarro ainda ardiam, enquanto o sono chegava e seus dedos afrouxavam o esforço de seu vício.
A TV ligada não era a companhia ideal, repetindo sempre as mesmas palavras, dizendo que só se é legal se comprar isso ou aquilo.
O jornal de hoje, de ontem e de antes de ontem cobrem o chão onde se acumulam resíduos antigos, e restos de insetos mortos.
Da janela espiava a lua curiosa e crua, numa noite fria...
Assustou-se com pequenas brasas, puxou o cigarro novamente para os lábios e deu mais uma tragada, enchendo o velho pulmão de nicotina e espasmos, repensou velhos começos, sorriu-se da solidão que o abraçava todas as noites.
- Estou velho! Falou em voz alta, como se a velhice justificasse todas as novas falhas, entre risos e lembranças adormeceu novamente, deixando seu único amigo encostado ao lado de seu travesseiro.
Amigo de ideias acesas, o fez virar sol, um sol aceso, incendiário naquela ultima noite fria.