Na varanda.
Deitado na varanda,
a brisa da madrugada em meu rosto alerta para mais um verão.
São mesmo dias sufocantes.
De onde estou, vejo tudo.
Ao menos, tudo que importa.
E é assim,
olhando para o céu, que me recordo do quanto somos minúsculos,
o quanto cada vez mais, cegos, olhamos pra baixo,
ali bem na altura do umbigo.
O mundo é tão melhor do avesso!
Encontro minha inspiração na dança das nuvens,
não no caminhar dos homens.
Encontro com Deus, quando olho para dentro,
quando sigo meu instinto.
Acredito nessa sensação,
quando contemplo a magnitude do que nos cerca:
O balanço do mar,
das ondas,
da melodia doce e simples das músicas de Caymmi.
Quando paraliso,
por um segundo apenas,
admirando uma bela mulher,
que em sua verdade não precisa ser bela,
apenas feminina.
Que a beleza que emana dela então,
arde,
ilumina.
Divago,
mas o que importa mesmo é a brisa de verão.
Que sopra. Continua soprando.
Levando consigo nossos erros e acertos de um presente que já não é.
Já foi.
Tudo fica para trás.
O que nos imortaliza é o amor, a saudade,
é deixar um fio de pensamento bom na mente de alguém,
que se ama, ou não.
Isso é felicidade.
Aprendi que pra ser feliz, é preciso querer ser e não buscar ser.
Não ando em linha reta, olho muito pros lados.
Tomo caminhos errados, mas guardo a experiência
e a magia dos erros que me constroem,
pois nada há de bonito na intolerância,
no rancor, no orgulho besta.
Essa coisa do ser humano que não quer viver
e segue definhando apegado aos seus dogmas e certezas.
E não deixa o passado passar.
Eu tento deixar!
Afinal, haverá verdade também, distante do evangelho,
a todo aquele que acreditar.
Vai brisa, pode soprar...
Leva o que for teu e deixe apenas o frescor do novo,
para que meu velho eu,
tenha sempre força pra recomeçar.