Desolação

Os dias tornaram-se muito longos

O sol arde como um algoz em fúria

Os espinhos meus pés encontraram

Não há fresca, nem sobra, nem água

As noites são também intermináveis

A lua mingua sua fraca e pálida luz

O ar quente do dia teima em ficar

O sofrer, desorientado, canta triste

Bate no peito esse coração teimoso

Com um choro bêbado desritimado

Que tanto aperta a desolada alma

Na dor flamejante dessa saudade