A ÉPOCA QUE...
A ÉPOCA QUE...
A ÉPOCA QUE DESCREVO
mata milhares de jovens numa brutal guerra no Oriente Médio;
inflama a violência em cada um de nós;
promove a desumana fome em países do hemisfério sul;
é cinza, é chumbo: “balas perdidas” ceifam vidas feito tiro ao alvo;
considera uma nação não pela cultura que possuí, mas pelo dinheiro que acumula;
valoriza o óbvio, o superficial, a imbecilidade humana;
transformou o saudoso “Barracão de Zinco” num campo de guerra violento e sangrento;
é tagarela, sem tramelas na língua;
só faz arte pirotécnica;
fere a phýsis de morte;
transforma o Piauí em savanas africanas;
faz do trabalhador máquina;
traz ao palco da política homens e mulheres que não servem para nada;
é apolítica, apocalíptica e grita histérica por meio da TV;
destrói plantas, árvores, bosques, florestas;
explora a prostituição de homens e mulheres;
pratica impudentemente a pedofilia;
trafica armas, drogas, órgãos humanos e prostituição;
dividiu o planeta em blocos econômicos fechados, ambiciosos, maliciosos e indecorosos;
produz vida artificial mediante a engenharia genética;
e não se importa com os pobres e com os velhos;
ignora e descapitaliza a miserável África;
torna as matas desertos áridos;
é antipoética...
A ÉPOCA NA QUAL ESCREVO
homens e mulheres ferem, atrevidamente, o kosmo;
o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo, esvaziados de fé, não mais dialogam;
mata-se por qualquer motivo;
o ar é poluído e os rios estão destruídos;
nada preserva, despreza o patrimônio cultural, tudo destrói em prol de um incerto futuro;
faz da música um ruído ensurdecedor;
a humanidade é consumista e nada altruísta, é egoísta;
poucos gostam de pintura, de leitura: não aprecia a Arte;
não pensa a Filosofia, porque é tempo não-dotado de sabedoria;
mães e pais abandonam crianças recém-nascidas em matagais, ruas...
há homens-bombas ceifando vidas de inocentes;
é crime amar;
fez do passado esquecimento;
tudo é avaliado pelo dinheiro: o deus supremo!;
é tempo sombrio.
PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.