O tédio mata ou é a inconsciência que mata?
O tédio é uma necessidade. Sem ele esqueceríamos que tudo pode voar pelos ares a qualquer momento. Como assim você vai me perguntar? Quase por um triz eu estou aqui. Quase atropelado por um ônibus . Por um pouco mais e eu não estaria aqui: Um acidente fatal por pouco não aconteceu. E eu me senti como que teletransportado para outra dimensão. Renascido numa nova vida. Estou e não estou. Apenas vivo mas não muito vivo.
Lívido de infinito agradecimento à existência pela minha vida Quem dera todos estivessem assim o tempo inteiro. Não haveria necessidade de tédio porque é o tédio que leva à letargia. E é a letargia que leva a uma indizível perda distraída no correr do cotidiano. Sendo essa última a causa de quase acidentes. Esses quase acidentes são em sua maioria evitáveis, mas o que não se evita é a inconsciência. Essa mata mesmo. Porque só o despertar dessa consciência é que nos transporta para nós mesmos, para esse turbilhão de incertezas, risos e mágoas que é o nosso Eu que não é ego, nosso jivatman, como quer a ayurveda.
O tédio é uma necessidade. Sem ele não haveria contraste entre nossos momentos realmente vivos e aqueles momentos em que estamos vivendo por viver. Entre as coisas da vida sem senti-las por inteiro, apenas existindo como seres não cônscios da sua divindade. Sim, porque só a consciência traz o bem querer e a bem aventurança necessárias para uma vida de potência, de calor e atitude.