Para onde foram todos os sonhos?

Perdas, derrotas, desencontros, solavancos do caminho acabaram vitimando minhas paixões. Estragos, cicatrizes que trago. Não sou mais, não quero tanto mais do que quis. Não, não, não... Que coisa! Nem mais repreendo meus nãos.

Um dia, fomos vidas geniosas, faiscantes, e quase não cabíamos numa casa compartilhada. Tão inconstantes, nossos sentimentos diferentes ou indiferentes. Ora acomodavam, ora instigavam, ora descontrolavam tudo. Descobertas, todas e tantas. Conquistas e reconquistas. 

Pouco a pouco, odiosas rotinas foram apagando os melhores detalhes da vida, abanando suas mãos, regendo, ditando o ritmo.

Para confortar-me, agora, tento embaralhar os registros. Mas, 
não me reconheço no meu próprio passado. Estou diferente.

E a mulher que tanto amei? Lembrei-me, repentinamente, de seu olhar tímido, um jeito de não saber por quê. Lembrei-me dos nossos planos, das coisas que eram tão novas, de paixões juvenis. 


O tempo não perdoou nossos descuidos, e continua se arvorando a ordenar: passa, passa! 
Aluísio Azevedo Júnior
Enviado por Aluísio Azevedo Júnior em 18/08/2013
Reeditado em 29/08/2013
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