Paulo de Tarso
O Barco a deriva, açoitado por ondas impetuosas,
E eu sendo levado prisioneiro, por águas perigosas
Outros tantos como eu, imobilizados por algemas
O comandante quis matar-nos, e eu disse não temas
Nenhum dos teus presos se perderá, confia e verás
A tempestade se avolumou, com violência tenaz
O barco não resistindo, desfazia-se e afundava
Foi um salve-se quem puder , cada um por si nadava
Chicoteados pela força do mar, chegamos a Malta
Uma ilha qualquer na escuridão, serviria para o nauta
Que naufragara ainda há pouco, um frio cortante
Era o terror maior que já vivera cada navegante
Fui juntar alguns gravetos para um fogo que aquente
Ao menos os pés e mãos daquela infeliz gente
Então percebi, num relance de dor tão de repente
Em minha mão senti, a dura picada da serpente
Sacudi a bicha no fogo, e um nativo olhando absorto
A todos dizia, escapou do mar e pela cobra será morto
Mas meu Deus, que salvara do naufrágio todos comigo
Outra vez se mostrou um grande e maravilhoso amigo
Ao veneno da serpente sobrevivi, e não me calei
Da salvação que há em Cristo a todos ali falei
Fui livre da fúria do mar, me aterrorizei, não disfarço
E pra quem não me conhece, sou Paulo de Tarso