O QUE A NATUREZA NOS CONTA
Zaino malhado
coroado pelo sereno
mastiga a densa relva
enquanto espera
o peão laçar o boi fugido...
Ele ve a rês pastando solita
como se quisesse um fim assim
longe dos outros..
Ele então se aproxima
laça e traz consigo.
Não entendo porque,
nem por um segundo
porque ela não fez alusão contrária.
Destinado a juntar-la aos outros
olhava estranhando
a rês que caminhava ainda com o capim
falando na baba que caia
enquanto seus olhos eram clareados
pela lua descendo na manhã gelada.
O peão então montou o zaino
parou , pitou um fumo
fitando a rês mastigando calada.
A fumaça se confundindo
na geada que sobe
feito chaleira ao fogo.
Nesta manhã
o pensamento do peão
era uma poesia observando
a rês pastar solita no campo.
Mas quando o almoço chega
e equilibra o dia, dando inicio a tarde
a rês volta a sair do rebanho.
Sabendo de sua missão
o peão torna a buscá-la
mas desta vez ela não estava mais só.
Porque mesmo um outro ser
também tem alma!
E neste não havia mais.
O peão então entendeu
tirou seu chapéu
e sentou na pedra em que
o limo faz decoração no riacho
a "artéria bebedouro".
- A natureza não abandona nenhum ser
e nós continuamos a não entender nada....