Tristezas de ser poeta...
Minha alma fantasma sonda a tua através
de estrelas de papel.
Não que caem do lindo céu azul,
mas que sobrevoam o telhado...
Da casa vazia, na noite vazia, da vida vazia...
Por um momento, pensei ter visto um anjo.
Mas era só a sombra da minha solidão que buscava esconder-se de curiosos olhos alheios.
Olhos de lama, que lacrimejam um mortífero ciúme que respinga como borras de vela incandescente, marcando a sensibilidade da pele pálida e fina.
Vai acendendo o egoísmo, queimando a esperança e apagando a alegria.
Viajo numa estrada tão longa onde só as pedras me acompanham,
ferem os meus pés cansados e atrapalham o meu caminhar solitário.
Não quero deixar rastro, mas o sangue que escorre marca o caminho...
Carrego nas costas, o peso das desilusões, tantas vezes declamadas em minhas belas poesias e cantada em tuas doces melodias
E nas mãos, trago uma mala cheia de sonhos,
Sonhos já adormecidos, que me partiram o peito e o sorriso.
Mas sigo, sendo um seresteiro.
E ainda consigo encontrar a amada nas cordas do meu violão.
Mesmo que desafinado e triste ...
ainda mantém o verniz que ecoa meu canto livre
Sou bendito por ser um poeta, que escreve coisas reais, da tua nobre vida chata, dentro da minha escrita fantasiosa e fria...
Abençoado SER que consegue ver luz através de telhados.
Onde luas brilham mesmo no espelho das espessas telhas...
Da casa vazia, na noite vazia, da vida vazia...
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Se fosse resolver, iria te dizer, foi minha agonia ...
Se eu tentasse entender, por mais que eu me esforçasse, eu não conseguiria.
E aqui no coração, eu sei que vou morrer um pouco a cada dia...
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Oswaldo Montenegro
Agonia
(esta é a canção)