Centaura
É que a poesia muitas vezes me trata como o carroceiro indiferente ao animal, largando-o ao sol e à chuva, à fome e às moscas, depois impondo-lhe carga tão pesada que lhe resta só arrastar o corpo inútil, quase que mascateando a migalhas o passo ignaro e apático.
Apesar de conter vírus poderosíssimo, um tema nada pode contra a ignomínia do ser a quem deveria contaminar: há blindagens suficientes, construídas no tempo e nos espaços - em hábitos e desábitos. E bichos cospem alimento ainda que morrendo à míngua, especialmente se feridos na alma do lombo ou das orelhas, as bicheiras pululando...
Os cascos em carne viva são outra história - mais que rastros, de fato.
Chicote em ilharga, arreios, freios...
E bridão não é só para doma, não...
Mas é que eu esqueço dos moinhos a combater, das donzelas a elogiar e das lendas a inventar, e quase sempre escoiceio a poesia, feito burro xucro e ingrato...
*Pelo aniversário de Emerson Braga 'Umberto Erê', um dos contistas de talento deste Brasil
**Pela alegria da volta de Carlos Moraes 'PoetaPleno', que sabe ser D. Quixote