Primavera

O sol se espalha vibrante sobre os bosques,

sobre as nuvens e estrelas.

E as folhas rochas anunciam a chegada da primavera,

desvencilhadas dos frios, dos ventos bravos,

dos rostos cobertos com manchas vermelhas.

E o dia se esvoaça pelas altas rochas de pedras negras,

pelo verde trigal,

clareia o rosto pálido do camponês,

camponês de olhar arisco, de mãos lisas,

de lábios recortados pela chuva,

pelo vento carregado de silêncio.

Então sei que é primavera,

com sua claridade cheirosa, com suas linguagens,

cheia de faróis, trapézios, caminhos de arco-íris

e suas escadas e elevadores que indicam outras estaçãoes.

E os agapantos se modelam e se pintam de flores

enquanto a jabuticabeira terminada,

se desfolha e devolve-se a natureza sem sepultura.

E é sempre assim, tudo é igual:

vento, sol, mar,

um sorriso eterno, uma ardência no peito.

E tudo é belo:

música, sonho, crepúsculo,

entardecer com nuvens coloridas,

o vôo das gaivotas sobre o grande barco da vida.