IPSO FACTO
Que noção posso ter dar coisas senão as que tenho ?
O sussurrar das ondas sonoras e de nossos pensamentos
A dilatação das pupilas pra Física e suas leis de atração ?
Permanecendo imóvel ou não estou sempre movendo com os ventos
Como não ver isso no universo se pra ele não existo e continuo sendo ?
Reconheço que tudo cumpre um destino ao sabor do tempo
E que temos que viver por dentro e por fora apenas percebendo
Atrelados as leis do retorno e da gravidade dos sábios e dos jumentos
Sei que a maioria de nós nos procuram quando estamos vivendo melhor
Mas que surpresa encontram ao nos verem saber sair de uma pior
De uma forma ou de outra a gente sempre acaba aprendendo
Estou aqui e todos os dias durmo tranquilo porque compreendo
Sei dar o desprezo, a atenção, a recompensa e a gratidão
Para aqueles que passaram comigo no teste do desvio e da retidão
Já não há quase mais nada nesta vida que me surpreenda
No meio da real ou da pseuda euforia não há muita diferença
Há muita guerra na paz e segurança dentro do olho do furacão
E mesmo de olhos fechados há muita luz vibrando na escuridão
Por todos os sentidos ouso dizer que já compreendo esta vida
É a morte explicita de uma outra parte implicita nesta dimensão
Assim que é a minha percepção particular desta nossa existência
Tão eterna quanto efêmera ... tão incógnita quanto ciência
Com a devida coragem e o devido temor de quem acredita
Na continuidade evolutiva, nas recompensas e nas penas devidas
E aceita a própria sorte e quiça a inevitável morte em tempo de vida !