Nosso amor morreu, meu bem!
(Barulho de eletrocardiograma - ação: sinal da cruz)
É, não teve jeito. Morreu.
Nosso amor morreu, meu bem...
Morreu de overdose. Overdose de saudades, overdose de ausências, overdose de solidão.
Nosso amor morreu, meu bem...
Morreu de insuficiência respiratória. Já não conseguíamos respirar o mesmo ar. Morreu de insuficiência renal. Já não conseguíamos filtrar as ofensas.
Morreu de frio, morreu de fome.
Nosso amor se perdeu. Não sei para onde foi. Só sei que foi embora junto com o respeito. Até que os vi, de mãos dadas, saindo por aquela porta, mas achei que iam voltar. Afinal esses camaradas de vez em quando se vão, talvez para espairecer e depois voltam com força total. Mas não. Dessa vez, pode ser que até tenha tentado, mas no caminho foi atropelado pelas suas mentiras.
E eu tentei reanimá-lo. Injetei altas doses de perdão. Era o único remédio que poderia dar jeito. Mas não deu.
E agora que você vê o corpo aí, esticado, estraçalhado, gelado, no caixão, pronto pra ser enterrado, você quer tentar ressuscitá-lo?
Faz-me rir!
Agora, quem vai embora sou eu. Eu é quem preciso de cuidados!