RENDEIRA

Como rendas de bilro são os sonhos,
Tecidos, transformados a cada dia.
Tecidos em fios possíveis, fios de realidade.
Tecidos com fios de paixão,
Fios de amizade e gratidão.
É uma trama sutil, pra toda a vida;
Mulher rendeira, pra realizar meus sonhos
Escolho os fios que tenho a mão,
Fiados pelo cotidiano,
Fios que se mesclam às fibras do meu coração.
Fibras de alegrias e tristezas,
Fios de aconchego e solidão.
Um amor ferido, um ódio contido
E o fio a trama enfraquece.
O amor, a paixão, a ternura maternal
A trama fortalece.
Uns fios são fortes, outros não: fios irregulares
Tecem renda diferente daquela, idealizada.
No instante vivido os sonhos se transformam.
Como renda os sonhos são!
Tecendo renda e sonhos,
Dançando com os bilros
Vão as batidas do meu coração.
Me entranho nos fios da emoção,
Enredada na trama, parte dela
Vejo, entre os versos que escrevo.
Não gosto nem desgosto,
São rimas do meu viver
Por onde me escapo e salvo!
Num rebento de inspiração surgem,
Subversivos, uns versos;
Atrevida e ousada, no meio da noite
Me arranca da cama, a irreverente poesia
Me acordando: mulher com a marca do tempo
Que tem dentro o anjo, a eterna criança
E uma fera: mulher de paixão intensa
Que ama e sonha, irreverente fantasia.
Mulher rendeira que tece sua vida
Em amores, ternura, renda e poesia.

Florianópolis (12/07/03)
Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 06/04/2007
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T440151
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