Meu pai mentindo para mim
Quando me fugia o sono
Meu pai me dava em abono
Um acorde de violão
Espantava o dragão
E de bônus o bicho-papão
Aparava-me as arestas
Dedilhando suas serestas
Rimava para mim a vida
Fazia-me esperas vestidas
De alegrias e preguiça
De coisas que se pedem em missa
Fazia-me crer em milagres
Fazia-me rir em tons graves
Querendo em tudo nele acreditar
Como se não fosse cantiga de ninar
Cantava-me vitórias na carreira
Implodia minhas barreiras
Sempre aproveitando o ensejo
De me realizar um desejo
Fazia-se doce meu pai a mentir
Só para me fazer dormir