Incertezas, Medo, Dor, Devaneios e O Vale
"A chuva cai plena lá fora, gotas suaves tocam o solo, fazem um som gostoso, reconfortante, sereno, pano de fundo para minhas incertezas e meus momentos de devaneio."
Acho que seria apropriado começar assim, afinal condiz com a realidade desse minuto, dessa madrugada de solidão, são verdades, pelo menos para mim....
Mas sei lá, pode e não pode ser assim que começa, aliás já começou, e estou eu aqui apenas digitando as palavras que o Rio Profundo me traz.
Ele esteve adormecido por esses tempos, ele não tinha se manifestado ainda, nem sei porque
Desconfio fortemente que o amor recentemente encontrado seja um motivo para isso!
Ou será que ele estava estocando energia? Juntando forças, recrutando dores, perdas, mágoas, arranhões, cicatrizes mal formadas, tudo para armar seu contra-ataque?
Mas afinal, porquê o Rio Profundo nunca desaparece? Ele nunca sumirá? Nunca secará? Nunca perderá sua razão de ser?
Desconfio com grande força que a vida é feita de pesares demais para que o Rio seja desfeito apenas pelo amor....
Enquanto houverem arranhões, cicatrizes com lascas cortadas, pedaços de restos mortais de dor e ódio e esse tipo de coisa o Rio sempre existirá....
Me pergunto, não será ele um depósito para tudo "negativo"?
Toda dor, sofrimento, ódio, raiva, angústia, medo, vergonha, anseio, devaneio, loucura, incerteza, insegurança, tudo isso estocado num vale apenas?? tudo jogado no Rio, com destroços aparentes na superfície....
Se for assim, o que acontece se há crise no Vale do Rio?
E se as coisas saem de controle e o "positivo" se torna menor, menos pesado, com menos massa do que o "negativo"?
Há a possibilidade de surto? Acredito que sim....
Nesse caso, há uma possibilidade de retorno ao Sol? Ao azul do céu cinza num dia nublado e estranho, com brisa fresca no Vale do Rio?
Eu me pergunto fortemente se ainda existem possibilidades de diminuir pelo menos a área ocupada pelo Vale do Rio
Isso já seria, no mínimo, um vislumbre de possibilidade de alegria, uma faísca do que poderia ser chamado de Balança Desigual, ou desproporcional, onde seria impossível projetar um Vale com capacidade de estoque maior do que a capacidade de alegrias no Sol do coração, na luz da alma...