Memórias das manhãs
Já percorri muitos lugares em chamas
e esperei por promessas que são agora apenas
mais um longo corredor de memórias regressadas
que se atravessa entre os meus braços
pelo meio de retratos desfocados
que nunca partilhámos com ninguém.
Mas um dia chegaremos
ao lugar do amor desocupado
pronunciando devagar cada sílaba do nome
com que de mim nascias e morrias nas manhãs
E então haverá quem nos reconheça
e invente presságios e vozes de oráculos
ou simplesmente destinos banais
adivinhados
e em surdina nos avise
que as rugas lavradas pelo tempo tornaram
demasiado inóspito o lugar
onde um dia nos encontramos
*
Nessas manhãs ainda há vozes
que nunca desistiram de perguntar por nós
Diana Enriquez