ESCALADA

No topo da montanha

Sentindo o ar puro...

Permito-me a olhar para trás

Como quem tem o desejo de escalar

Um novo mundo...

Diante de tal visão

Das marcas que deixei ao chão...

Agradeço a todos aqueles

Que me guiaram nessa direção...

Nada seria possível

Se não fossem as ventanias

Que me tiraram do chão

Na busca de melhores dias...

Precisei das noites calmas

Para acalantar minha alma,

Que implorava por um cadinho de colo

Quando não tinha colchão...

E o escaldante sol

Que queimou minha pele

Aqueceu a existência

Para que eu desejasse o inverno...

E no frio das invernadas

Que congelaram minha carne...

Lembrava das manhas ensolaradas

Que de camisa aberta ao peito

Corria pela vida

Como se o viver não tivesse defeito...

E das manhas de cada dia

Aonde surgiam aos primeiros raios de luz

Cantava em voz branda:

Quem madruga, cedo produz...

E quando entardecia,

Debruçada na janela

Vinha a brisa da noite

A encher-me de nostalgia,

Em forma de saudade,

Do tempo que não voltaria

Jamais...

E hoje trago a certeza,

Que o que vem adiante

É o que vai ficar pra trás...

E assim nessa escalada

Ao chegar ao topo da montanha,

Vem o desejo de voltar,

E iniciar outra vez,

Essa façanha...

Mas agora bem mais claro

Do que quero,

E do que sou capaz,

Inicio outra jornada

Buscando aprender casa vez mais...