Joguei as roupas na mala

Joguei as roupas na mala

Não as dobrei, apenas amontoei

Amassadas ocuparam muito espaço

Mas não era momento de ordem

Na desordem dos meus pensamentos

Havia uma ordem natural das coisas

Pior seria ficar e continuar

O que nos entristece, absorvemos

Mas o que se torna uma rotina de tristeza para todos

É impossível levar adiante

A porta não foi batida

E nem fechada às costas

Ficou lá escancarada

Parecendo não acreditar

Que não haveria volta

Se houve um fracasso

Não sei

Vitória eu tenho certeza que não houve

Quando um sentimento morre

Não existe enterro

Existe um silencio

Em tudo

Na alma

No coração

Na razão

Um corpo anda

Nada sente

Apenas anda

A tudo contempla

E nada vê

A tudo ouve

E nada escuta

Sensação de vazio

Uma dormência dos sentidos

Amor virado em ódio, raiva, desprezo

...e passam-se as horas

...os dias

...as semanas

...os meses

...os anos

E se levanta numa bela manhã

E se vê tudo o que foi conseguido

Após aqueles tristes momentos... lá longe

Agora me debruço na contemplação

Como se estivesse viajando no tempo

E olhasse lá atrás

Onde tudo foi colocado

Ao lado do caminho

Parece que congelo aqueles momentos

Eternamente em meu coração

Em minha mente

Esquecer?

Jamais esquecerei

Cada minuto, cada beijo, cada cheiro

Tudo ficou guardado

Tento sepultar tudo

Jogar terra

Pedra

Concreto,

Criar um muro alto

Abrir fossos

Mas nada me afasta de mim mesmo

Baixo as pontes levadiças

Que eu mesmo fiz escondido de minha razão

...Porque nós estivemos lá

Nós fizemos parte daquele cenário

Nós éramos muitas vezes a fonte

De vida, de brilho, de perfume

Resta-me a verdade

Não consegui matar o amor

Porque ele é como um camaleão

Transforma-se

Assume outros sentidos

Assume outras formas

Vira ódio

Vira raiva

Vira desprezo

Para ele sobreviver

E ele retorna

Depois de alguns...

...anos

...meses

...semanas

...dias

...horas

Mas...

Não é mais o mesmo

Está envelhecido, alquebrado

Volta com

Melancolia

Calma

Paz

Reconhecimento

Afeição

Consideração

Perdão

Traz-me uma sabedoria do tempo

Que me mostra que muitas vezes

Um pouco de paciência à dois

Um pouco de compreensão

Um beijo a mais, um abraço a mais

Pode evitar tantos anos

De um aprendizado

À sós.

...alguns aprendem mais com os seus erros (que se repetem) do que os seus acertos, mas cada qual tem o seu tempo...custe o sofrimento que custar.

Robertson
Enviado por Robertson em 17/07/2013
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