A primeira de ti
Essa é a primeira para ti. A primeira. Não de primeira, mas materializada e externalizada dessa forma para ti, meu querer, que quero. E o que eu quero fica afogado, apertado e sufocado, assim como o meu respirar enquanto escrevo essa primeira de ti, protagonista de meu sofrer, de meu viver, de meu sorrir. Causador do meu superar, ainda que eu não supere e espere sempre algo mais, algo esse que não virá, nunca virá, não porque não queres, mas porque não podes, e é nisso em que eu vou acreditar. És aquele com quem eu quero desbravar os mais profundos oceanos, mas és uma borboleta que não sabe nadar, que não podes nadar. És aquele com quem eu quero desbravar os infinitos sobre as nuvens e mais além, mas és um serpente marinha, na qual me enlaço e me entrelaço, e me solto e no soltar te quero de novo, ainda que voar comigo nos ares de meus sonhos nunca irás. És aquele de quem espero a companhia ainda que ela não venha, és aquele de quem espero a proteção, que espero que me defenda, és aquele que eu quero que sejas meu escudo, mas nem escudo, nem espadas, sabes manejar, somente palavras, mas delas não se usa quando eu as preciso escutar. Ainda que sejas aquele de quem eu tanto espero e sei que nunca virá, és aquele que eu amo, aquele que eu quero sempre estar, mesmo que nessa angústia de não ter os passos notados, de ter sussurros calados e toque não interpretados, sigo te amando e lutando contra mim mesmo para não por tanta importância nas coisas que agora são.