O Outono e o Vinho

Outono, tristeza opulente, remota e profunda, oráculo de hálito frio que arde as narinas o peito, e afoga os olhos,como se o corpo respondesse a saudade do brilho do verão que não volta mais.Você anseia por um verão igual ou melhor,mas as folhas de outono levam embora a cor da esperança,e o que restas é ficares liquefeito ao vinho para flutuar em tempestades de vento,pois um branco inverno nubla minha visão das lindas flores que nascerão na primavera.Inútil procurares corpos mais quentes se o coração está gelado,então você o engana com vinho,e procura o abraço quente de pernas fascinantes,mas não consegue ir embora com as suas,eis o preço da embriaguez; o outono traz uma enciclopédia de camas e seios,mas no fim da noite em seu leito resta o seu cobertor gelado cobrindo um seio solitário,eis o preço do libertino; Mais vinho no outono,para enganar os frutos nascidos da angústia,uma loucura rompe no coração dos ventos,desagrega os átomos da seiva,O abismo é revelado no coração dos amantes insaciáveis , A vertigem é destilada no coração da paixão; e então é gritante o disfarce de vinhos,livros, é preciso do sarau, onde vale mais o sorriso do idiota, que é verdadeiro, do que o dos coitados portadores da razão,o inocente rola na sujeira sem saber da atuação daquele que é culpado por saber que está mais sujo do que ele; Um grito demente corta minha mente como lâmina,o desespero que o outono faz-me pensar ainda mais, clama,clama e clama: "Mais vinho, por favor".

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 16/07/2013
Reeditado em 30/11/2023
Código do texto: T4389497
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