Enganei-me
Enganei-me ao pensar, que poderia ver-te,
Que eras seio do mar, e não ensejo,
De certo que teria em mim ao ter-te
E fiz amor da fábula, por tanto desejo
esquivei-me, negando ter saudade
Mas saudade como fonte que jamais cessa
Brotou-me, desnudo, fizera de mim verdade
E por entre as frestas do ser vaguei
Procurando um lugar só, aparente
Encontrei-me ao chão, dado onde não desejei
Estar, desde então, longas são as falas, na mente
Espatifadas por entre as folhas,
em pingos por entre os olhos
Em mágoa por entre os dedos...
Enganei-me, sobremaneira ao pensar
Ao dar-me a um suposto” ser” que não era,
Deixou-me cá, como sempre estive a ser
Só, sofrendo, novamente miragem, na espera...
Então sem forças, se recomeça a jornada
Ainda assim se escreve, em pranto, em folha molhada.