(Um pequeno ensaio sobre quase nada)

Dentro de mim tem um fogo que arde,
que é só uma parte de um grande alarde
que você não fez nem quando eu cheguei.
Dentro de mim tem uma saudade (que também arde),
que é minha pior parte de nenhum alarde que não fiz
quando você partiu (porque quis) e nem sentiu mais
o calor de um fogo que ainda arde n'alguma parte,
num tarde alarde que faço em qualquer parte,
por causa desse maldito fogo (que ainda arde)
e não apaguei...

E de caminhar distâncias engoli abismos e fui mais além
até chegar nas beiradas das lonjuras dos mais infinitos,
com esses sonhos malditos e malfeitos, desfeitos
e os meus mais imperfeitos pensamentos aflitos,
os horrendos gritos que o silêncio abafa
como dor que a alma engole e não esquece
e o que parece é que aquele fogo que arde
eu nunca apaguei...

E sem demora minha vontade foi embora,
sem o alarde de asas em voo,
antes que fosse mais que tarde
e que fosse nessa tarde que não sei onde fui,
mas tendo que ir eu fui sem olhar para trás.
E nem sei ao menos onde fui quando fui,
só sei que nunca mais voltei...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/07/2013
Reeditado em 19/03/2021
Código do texto: T4388944
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