Mente Barulhenta
Não sei se me envergonho ou me estremeço todo.
Por ventura, ontem, coloquei mais um lugar à mesa, deitei-me no canto da cama para esperar alguma coisa. O que me apareceu foi: tempo, brisa, períodos hiatos emaranhados de vários eus. – Menos você!
Esperei tanto por telegramas... Cartas... Que, ainda estou à espera de um e-mail ou uma SMS qualquer. Estou cansado de fazer apenas cantigas de amigo com modificação no gênero do eu-lírico. Contudo, ser do sexo masculino, para mim nunca significou nada.
Será que terei que voltar ao tempo para me reencontrar?
Será que esta minha rotina entediante é ruim?
Quero sentir cheiros e medos novos. Quero o ar da conquista. Estou muito farto de sexo virtual, sexo marcado, sexo por carência, sexo por paixonite, sexo por sexo. – Quero sexo com tesão! E nada mais que isso.
Quero o toque agressivo, o não falar, o embaçar dos vidros, o proibido. Quero algo não combinado, não premeditado, não óbvio. Surpreender-me tem sido impossível.
Não quero: uma analise; um rótulo; um gênero. Quero ser eu por mim mesmo, assim como sexo é sexo por ele mesmo. Quero críticas, quero injustiças, quero sonhos, notas perfeitas, humor, aplausos, admiração, falta de entendimento. Quero complicar vidas, quero salva-las!
Sei que sempre soo egocêntrico, mas é aqui que, posso desmascarar meu ego. Expressá-lo como deve ser expresso. Aqui/agora sou uma pessoa de verdade.
Escrevo porque no geral sou quieto. – Não sou introvertido, muito pelo contrário. Porém, só falo coisas sem importância. Só aqui falo o que realmente sinto. Não que eu seja mascarado, mas o meio em que vivo não me possibilita esta minha verdade nua e crua. Ao invés de fingir, omito.
Aprendi a fazer silêncio mesmo com a mente barulhenta. O meu calar também é resposta.
Em suma, o que me resume é a incerteza. Não estou triste, já me acostumei com ela. Acho que somos amigos.