O Sândalo e o Machado
Da cabana, eu via o bosque logo em frente
E uma brisa suave vinda de lá, trazia consigo,
Um doce aroma campestre, de perfume natural,
Intriguei-me, tentando decifrar tal fragrância
Quando vi sair da mata, um certo desconhecido
Pensei ser ele, a exalar o agradável olor
Quando notei tratar-se de um lenhador suado
Que em tais circunstâncias, não estaria perfumado
Atentando melhor, visualizei seu machado ao ombro
O mesmo apresentava manchas semelhantes a nódoas
E das manchas sim, se espalhavam pelo ar, doces aromas
Era fim de tarde, e vi o lenhador perder-se de vista
O cheiro continuava, decidi adentrar o bosque
À medida em que caminhava, mais forte era o perfume
Alguns metros mato a dentro, vi um tronco derrubado
Era uma árvore que aquele lenhador abatera
Agora o aroma era envolvente e enchia o lugar
Ali estava, um sândalo liberando seu perfume
Como que perdoando, aquele que o derrubara
Tendo inclusive perfumado o machado que o feriu
Sentei-me junto àquela árvore abatida, e pensei...
Meu Deus, me ajude a aprender com este sândalo
Que mesmo estando ferido, abatido, caído
Exala um cheiro tão agradável neste entardecer
Ainda que na aflição, eu também possa fazer o mesmo
Ser útil, tendo ou não, forças para me levantar
Porque sei que o Senhor é quem levanta o caído
O Senhor fortalece o abatido, o impossível não é nada
O Senhor é tudo, e pode fazer tudo o que queira
Por vezes reclamei em circunstâncias adversas
Mas até na adversidade, sei que posso ser útil
Usa-me; pois quando estou fraco, é que sou forte
Pois o Senhor é a força da minha vida. Amem
Retornei à cabana, e por toda aquela noite
Houve no ar o frescor de um aroma inesquecível
De repente ao sentir-se abatido, é justamente
O momento de surpreender e dar o seu melhor.