As Lavadeiras
Mal o sol se estampara no horizonte, as três lavadeiras caminharam até o rio para cumprir o ofício de todos os dias, lavar a roupa de toda a aldeia.
Suas vidas se resumiam em esfregar, torcer e engomar. As mãos calosas, enrugadas, praticamente sem unhas. O suor lhes gotejando por todas as partes.
As bolhas formadas pelas espumas de sabão eram os seus sonhos, ingênuos, transparentes e frágeis.
E apesar da rotina fustigante, encontravam tempo para dialogar.
“Ah, minhas colegas, tenho a esperança de que meu filho um dia irá se tornar doutor, por isso fico aqui, para ver se ganho alguns trocados e posso mandar para ele lá na capital!” – disse uma delas, uma lágrima se confundindo com o suor.
“Mas isso é tão difícil! Nós somos pobres e só quem tem condição é que vence na vida!” – falou outra amargamente.
“Pois é, a comadre tem razão quando diz que é difícil, mas não é impossível! Veja o exemplo da minha filha, foi estudar para ser professora, casou com um homem muito bom e teve um filho lindo; ela mandou até foto, vocês viram! Pena que não vem mais me ver, mas é porque a capital tem muita coisa para fazer!” – respondeu a terceira com os olhos brilhando.
A mulher que havia iniciado o diálogo exclamou:
“Por isso não perco a esperança!”.
“É verdade...” – suspirou a senhora que no início discordara do sonho da outra. “Quem sabe se meu filho quando crescer não queira ser alguém importante...”.
E assim levavam suas vidas, esperanças e roupas para lavar.
(texto escrito em 2002)