Mãos

Mãos brancas, mãos negras, mãos vermelhas, mãos amarelas, mãos delicadas de unhas pintadas e incrustadas pelos mais reluzentes enfeites, mãos sujas de unhas roídas...

Há diversos tipos de mãos no mundo, afora estas já mencionadas, são aquelas mãos que falam mais do que as palavras na nossa boca, que dizem tudo num único gesto, que por si só são capazes de construir ou destruir uma alma, uma vida, uma cidade ou até mesmo o Universo.

Mas, atualmente as que predominam são as mãos egoístas que tomam tudo das que pouco tem; as mãos frias que não aceitam serem tocadas, indiferentes; as mãos violentas que agridem, machucam e as mãos assassinas que empunham armas para destruir o que Deus construiu e ninguém mais percebe. Sequer pensam se o que fazem é certo ou errado, elas apenas agem.

E tão distantes umas das outras que sequer se pode notar se um dia essas mãos se encontraram com outras que talvez falassem de paz e amor num gesto. O que se vê realmente é que já não há mais nenhuma mão que suporte ficar em outra durante horas. “Isso sufoca!” – talvez queiram dizer. Desse jeito seria melhor não haver mão alguma, em vez desses seres tão ignorantes. E eis que surge uma simples pergunta:

Será que é possível, um dia, as mãos se unirem pelo simples prazer de assim estarem? Ou é um sonho impalpável?

Ah, mãos, mãos e mãos!...

(texto escrito em 2001)