Dia Incomum . . .
Num dia, aparentemente comum, seria tudo realmente comum, pessoas, ruas, carros, enfim..., se não fosse pelo especial brilho daqueles olhos, tão doce olhar; a sinceridade que fluiu daquele lindo sorriso; a beleza simples, mas, tamanha, com que aquela face e aquele corpo foram agraciados e aquele jeitinho tímido de enfrentar os elogios de toda espécie e os olhares ousados, insinuando silenciosos convites e até outros, mais ousados ainda, insistentes, como se pretendessem lhe tirar as vestes, isso sim, foi o incomum daquele dia, que, por mais que eu busque, não consigo deletar da mente tão raro quadro, onde a beleza e a simplicidade andavam de mãos dadas, reafirmando em mim, a certeza de que ainda é possível encontrar alguém belo, sem a ajuda de máscaras e sem perder a sua essência.
Vi, naquele instante, projetado em minha frente, ali, naquele semblante, a pureza do meu primeiro amor, da minha primeira paixão, existia muita coincidência e, inevitavelmente, viajei ao passado, fui rebuscar nas asas da saudade o que, de forma intacta, ainda estava lá, aquela linda menina, a sacudir suas tranças, como a me chamar a atenção, sempre feliz, estampando no rosto sempre um belo sorriso, que lhe provocava a aparição de duas covinhas na face, lindas e inesquecíveis covinhas.
Como é bom, poder usufruir da dádiva divina de poder viajar nos pensamentos, acumular lembranças, mesmo de épocas remotas, tão distantes épocas, das quais, quase sempre, nem temos conhecimento sobre os principais personagens, como a que busquei nos meus mais preciosos guardados, onde está tudo que até hoje sei sobre ela, bem como, aquela divina estranha, de quem nada sei, além do belo semblante, que me provocou tão sublime viagem, bendita seja, e, me proporcionou, apenas com a sua simples presença, esse dia, pra mim, tão incomum.