Papel
Meu papel de parede
amarelou com o tempo.
No passar da vida,
mantive ocupada na lida.
Sem ter tempo para nada.
Nada olhava.
Nada via.
Só aquela jornada
de tremenda correria.
Que me sorveu por inteiro.
E de pouco me valia...
Pois só se sabe
aprendendo
o que viveu.
Vi as estações que mudavam.
Deixando para trás,
as flores do meu desejo
primaveril...
O verão, meu adorado sol
de chamas coruscantes,
que a minha pele queimou.
O outono
deu-me frutos.
que ainda hoje sinto
seus sabores...
Senti o frio cortante,
de congelar
até a alma.
Mesmo assim
mantive a calma
num inverno
que é só meu.
Assim seguiu-se o tempo.
Tempo a fora,
se perdeu.
Ainda trago na memória
todo sonho que passou.
Minha vida,
minha história...
Enquanto cumpri meu papel
esqueci o dá parede
que hoje chora.
Desfazendo-se
o que em anos
a minha vida
enfeitou.