Papel

Meu papel de parede

amarelou com o tempo.

No passar da vida,

mantive ocupada na lida.

Sem ter tempo para nada.

Nada olhava.

Nada via.

Só aquela jornada

de tremenda correria.

Que me sorveu por inteiro.

E de pouco me valia...

Pois só se sabe

aprendendo

o que viveu.

Vi as estações que mudavam.

Deixando para trás,

as flores do meu desejo

primaveril...

O verão, meu adorado sol

de chamas coruscantes,

que a minha pele queimou.

O outono

deu-me frutos.

que ainda hoje sinto

seus sabores...

Senti o frio cortante,

de congelar

até a alma.

Mesmo assim

mantive a calma

num inverno

que é só meu.

Assim seguiu-se o tempo.

Tempo a fora,

se perdeu.

Ainda trago na memória

todo sonho que passou.

Minha vida,

minha história...

Enquanto cumpri meu papel

esqueci o dá parede

que hoje chora.

Desfazendo-se

o que em anos

a minha vida

enfeitou.

Gracia Fernandez
Enviado por Gracia Fernandez em 09/07/2013
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