MÁSCARAS
“Observa, meu querido leitor, no que dá a necessidade de palavra e os fenômenos da comunicação internética que emergem num respiro vital... Num hausto de vida, a infância saindo pelas ventas, onde tudo é permitido, à revelia dos gostos e gestos e nunca se tem que pedir licença... Eis que ainda ouço a gritaria no campinho de futebol de defronte, onde acampava o parque e suas fantasias que me tiravam o sono, e brilhava como a luz do poste, numa quermesse de músicas dolentes e bilhetes de amor...” Joaquim Moncks.
– Tudo bem. Lindo o teu texto e muito, muito reflexivo: porta... tramela... Especial: saudade doendo na infância... Bebo a vida como se em um gole apenas, pudesse retroceder no ontem, onde a ilusão brincava de amarelinha, e os sonhos deslizavam nas imensas pernas de pau. As bonecas, a bola e o balanço faziam parte desse tesouro intocável, quase místico, de um mundo muito escondido no imaginário de cada um. Nas brincadeiras de roda, canções que já anunciavam um amanhã tétrico: “Boi... boi... boi... boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta.” Sim... perfeito: o medo... o boi expelindo fogo pelas ventas e as inúmeras máscaras proliferando no carro alegórico do “Aguenta se puder!”... Ah! Quantas máscaras serão precisas para internalizar este momento tão significativo? Adolescência, paixão, maturidade, expectativa, inicio e fim, ou fim de um início? Sei apenas que sempre regresso pelo mesmo caminho, tecendo sonhos, colhendo flores e eliminando espinhos. Marilú Duarte.
– Do livro O IMORTAL ALÉM DA PALAVRA. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.
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