Chuva e confissão
Na noite solitaria, ouço a chuva, sinto a chuva cair sobre meus cabelos encaracolados e a tristeza tomar conta de mim por completo.
Na vida sigo andando, com reticências indefiníveis, com medos inquietos que me tiram a paz de noite e de dia.
Vejo tudo ao meu redor, mas nada vejo em mim, dentro de mim. Sou vazio. Sou cheio do próprio vazio.
Nada mais deixa-me animado, nada mais deixa-me alegre. A tristeza já tomou conta de cada pedaço do meu ser.
Bastou algumas vezes, que até perdi a conta, bastou o toque, bastou o ser-forçado, bastou isso para que eu fosse-me para longe de mim mesmo...
Veio a dor, veio a culpa, veio a miséria assolar o que sou hoje, o que tenho dentro de mim mesmo, bastou o ser-inocente morrer para o ser-introspector nascer com todo o vigor e ter medo de tudo com todo o afinco que se pode ter.
Bastou o fantasma aparecer em seus pesadelos para que ele acordasse e se visse perdido em um mundo repleto de estranhos.
Bastou uma palavras para a ferida se abrir e começar a sangrar enquanto se mistura com a chuva que não para de cair e nunca leva embora a dor e nunca deixa as lágrimas secarem e nunca realiza os desejos do âmago.