Chuva e confissão

Na noite solitaria, ouço a chuva, sinto a chuva cair sobre meus cabelos encaracolados e a tristeza tomar conta de mim por completo.

Na vida sigo andando, com reticências indefiníveis, com medos inquietos que me tiram a paz de noite e de dia.

Vejo tudo ao meu redor, mas nada vejo em mim, dentro de mim. Sou vazio. Sou cheio do próprio vazio.

Nada mais deixa-me animado, nada mais deixa-me alegre. A tristeza já tomou conta de cada pedaço do meu ser.

Bastou algumas vezes, que até perdi a conta, bastou o toque, bastou o ser-forçado, bastou isso para que eu fosse-me para longe de mim mesmo...

Veio a dor, veio a culpa, veio a miséria assolar o que sou hoje, o que tenho dentro de mim mesmo, bastou o ser-inocente morrer para o ser-introspector nascer com todo o vigor e ter medo de tudo com todo o afinco que se pode ter.

Bastou o fantasma aparecer em seus pesadelos para que ele acordasse e se visse perdido em um mundo repleto de estranhos.

Bastou uma palavras para a ferida se abrir e começar a sangrar enquanto se mistura com a chuva que não para de cair e nunca leva embora a dor e nunca deixa as lágrimas secarem e nunca realiza os desejos do âmago.

David Alex
Enviado por David Alex em 04/07/2013
Reeditado em 04/07/2013
Código do texto: T4372353
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