DESÍGNIO
Fazer Poesia é algo complexo
Tentar gritar e ser discreto
Chorar e rir naquela hora
Procurar e não achar
Ou então regozijar
Em uma flor de Rododendro
Vendo teus bicos eriçados
Tua boca arregalada
Tua língua por dentro
Chamarei-te como uma qualquer
A despeito da grande mulher
Que venha queimar comigo agora
E sorver meu cheiro etílico afora
A experiencia não é o bastante
Nunca estarei preparado para ti
Nem todos nossos coleios e sussurros
Não passarão de eufemismos neste mundo
No entanto há umas vozes que ouço
Bem baixinhas lá no fundo
Que conversam entre si
De segundo a segundo
No torpor do aroma em alfazema
Se preparando para o corte
Com seus olhos flogistos enxutos
Com o trespasso fora do compasso
Dando odes a vida e ódio a morte
A parca Taturana deleita no leito
Esquiva como quem não pode
Se entregar ao léo e a sorte
Entretanto vou relaxando ao hidromel
Dessas valquírias cavalgantes
Sem me importar qual direção
Giram minha bússola cuja agulha
Estará sempre imantada
Ao meu destino lírico norte!