Num dia qualquer...


Tenho o coração disparado nas mãos e uma certa lentidão quando olho prá elas.
Tenho esquecido as portas trancadas e as minhas janelas sempre abertas.
Tenho andado distraída, com a roda presa no vento, pensando na vida... enquanto ela gira... eu invento.
Tem uma luz acesa no outro lado da rua e uma lua nos olhos que não me deixa mentir.
Um carro que passa, um cachorro que late, uma asa que bate, um baque no tempo que ameaça e nunca estilhaça.
E essa aorta que pulsa nesse descompasso, no rosto esse traço que eu quero iludir nessa dor que me pega na marra.
Mas o susto já nem é tanto, abraço meu tronco e canto.
Feito cigarra.