O que o amor não faz - III
De tudo que pude fiz, para te proteger.
Fugi: não eras livre e eu ansiava liberdade... e porque liberdades, por plural, fazem-se eivadas de medos opostos, como os de quem sente águas e não sabe nadar.
Depois tornei-me prisioneira de outro encanto e impus a mim tua distância, pois a ti só beijaria se livre (e sereia) me sentisse.
Um longo espaço se fez entre nós, como se fora um barco amarrado à beira da primavera num lago congelado.
Desencantada de frio, tremendo, busquei-te finalmente. Aqueci-me. E te mergulhei nos braços, nadei teu peito morno, nadei... Parei de respirar.
Afogar-se não é escolha; liberdade é singular... Mas teu constrangimento aqueceu minhas faces...
Fiz de tudo para te proteger de mim... E o fiz por nós.
Se, ao menos, eu soubesse que não precisavas, teria tratado melhor tua represa, deixado a correnteza breve e lenta como sempre o foi. E rasa.