Um poema, logo cedo, vindo de uma brisa do infinito.
Justo eu que entendo essas lonjuras difíceis de conjuminar.
Hoje termino mais um livro, começo outro, não sei qual.
Outra viagem, só de passagem neste mundo, não vou muito longe.
Eu vou fundo...
 
Tão perto do epílogo, aquele prefácio já vai longe, perdido, esquecido.
Tinha lá uma primavera, ipês amarelos e brancos, rosa, tudo morrido...
 
As palavras são essas horas que passam, essas pedras que rolam com o rio.
São olhares que se perdem e que pedem por mais um nascer do sol, só um.
São essas forças tolas e aventureiras, e tão inacreditáveis, que se acabam,
São vontades ultrapassadas por outras vontades de quase nada, e banais.
São aquelas pobres verdades das mais desacreditadas, miseráveis.
As palavras são nada...
 
Mas são tão minhas, só minhas, posto que são tudo o que tenho...
 
A dor é só uma palavra. E o amor é só outra palavra, quase nada.
A tristeza, a solidão, o desespero que isso dá, a agonia que bate,
A angústia que se instala, o medo que nos assola, a morte que nos conforta,
São tudo essas palavras que com esmero coleciono, aos poucos juntando,
Para aquela hora inevitável de aquela pior hora vir...
 
As palavras,
Essas horas que passam,
Pedras que rolam com o rio, que passa,
Com o tempo que vai para onde de aonde nunca vem.
Essas pedras que pesam, essas horas que matam...
 
Haverá um fim, talvez
Um último capítulo de um último livro,
Essas páginas da vida arrancadas depois de lidas,
E numa delas a palavra derradeira, tão absurda,
Que não explicará uma vida inteira...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 28/06/2013
Reeditado em 19/03/2021
Código do texto: T4362114
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