PREGUIÇA
Pobre formiga que por mim passou
Te peguei, te boli, amassei, existiu ...
Lembro agora da barata que pela porta me incomodava
Como foi ágil uma lacraia que esquivou-me mesmo ferida em chineladas
Lá no quarto do meio sei que dorme um morcego que se esconde bem cedo
Estre uma leitura de Krishnamurti e outra, durmo e acordo, sonho e vigio:
Vivo momentos como se não existissem entre uma ação e uma reação
Haja poeira ... haja sujeira ...
E agora lá na entrada um cheiro de rato moribundo
Será mironga sibilina?
Penso assim por ter diferenças claras com alguns alheios ...
Na proporção e na preposição
Se eles são limpos na matéria sou limpo no espírito
Maria entre tantas Marias
Onde está minha Maria
Que amamenta minha filha?
Deve estar tão nervosa e sombria
Não sabe do mal e nem desconfia
Do paliativo objetivo que Eu via
Outra Maria tão linda numa capa de revista
Misturada ao cerúleo do céu e ao incolor do vento
E no meu auto prazer me deleitava como se participasse de uma orgia!
E é assim que vivo e nisso que habito
No fedorento e com os peçonhentos
Meu asseio é uma exceção
E com umas Marias cumpro minha obrigação
Com outras despacho meu tesão
E na esperança de uma espera que ninguém espera
Luto com a fera não vendo a hora de estar com a bela
Subjetivo e rendido a força química de uma quimera
De um amor oportuno e impróprio renascido do limbo!