Gaveta lacrada

Há tanto tempo não abro aquela gaveta

Nem sei se a fotografia ficou amarela

Minhas buscas não andam xereta

Talvez tenha esquecido o nome dela

Não sei do que, com aquele guardanapo,

deveria me lembrar

Não dá para ler nele um soneto

Pode ser a receita de um galeto

Como meu tempo foi ingrato com minha memória

Embaçou a genealogia da minha história

E se eu vier a ser um herói?

Daqueles que o dizer da lápide a todos corrói

Historiadores irão buscar, onde eu tenho guardado

Seqüelas do meu passado?

“Perdoem-me a bagunça desta minha gaveta,

Ela é do tempo da retreta, e a faxineira não veio

Sei que nunca meu alfarrábio

Vai contar a história de um sábio

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 23/06/2013
Reeditado em 23/06/2013
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