CINZAS AFTER THE DAY

Era um sonho?

____ Corria eu, pelas ruas infestadas...

As roupas, andrajos,

acenando ao vento,

bandeiras de trapos brancos,

gritando ___ pedindo PAZ!

A multidão atiçava-os

e, eles, engalfinhavam-se

mordendo-se na face

feito cães raivosos.

Corri para o templo, sombrio,

e tranquei, aflita,

todas as janelas...

Restaram, somente, duas,

frente a mim...

Delas não consegui fugir.

A luz ofuscou-me e

por breve instante

senti, do peito,

o súdito

deslizar, viscoso,

doente, canceroso,

batendo descompassado...

A palidez sofrida

mergulhou-me no pesadelo

da sétima trombeta...

Submergi

no Túnel do Tempo e,

vi o futuro

revendo o passado...

Estava na Atlântida,

na Arca de Noé,

Pompéia,

Sodoma,

Gomorra,

Roma,

Hiroshima...

Sobrevoando chamas

navegando ondas de lavas e espumas

de megawatts Luz...

Meu coração, cansado,

de poeta sem rimas...

chorou cristais de sangue

sobre o solo em chamas...

____ Todos, somos responsáveis!

Eram mil vozes,

vindas de outras eras...

milenares, eram os sons!

Passaram frente a mim,

amortalhados... infames...

O Gólgota.

A Arena.

Os Leões.

A “Santa Inquisição”.

1ª e 2ª Guerreiras Mundiais.

Eterna disputa entre

Luz e Trevas.

E lá estavam:

Cristo e Pilatos,

Nero.

Calígula.

Ritler.

Abel e Caim!

Sobre o mundo chovia

enxofre, cinzas e sal.

ardiam, carbonizando, fogueiras...

fornos crematórios!

Os seguidores do Cordeiro de Deus

vilipendiaram seus mandamentos

e, transmudaram-se em

predadores carniceiros...

Crepitavam fogueiras,

machados brilhavam, afiados...

erguiam-se contra o céu

árvores humanas em forma de Cruz!

____ Joana D’Arca.

Cosme e Damião.

Giordano Bruno...

Vergando sob o peso da Cruz,

suando Sangue e Lágrimas

está o Filho de Deus...

eternamente...

O Santo Graal.

Cavaleiros da Távola Redonda.

Morgana e Artur.

O Filho da Floresta...

Amazônia...

Sting e Raoni!

Garimpeiros.

Serras elétricas...

Carvão, fumaça e mercúrio.

____ACORDA BRASIL!

Gritei...

Não, não fui eu!

Foi

a Mata Atlântica...

o Oceano.

Foram

as baleias.

Os índios.

Foi

a Terra...

a VIDA!

Chorando, esquecida,

na escuridão,

Minh’alma ferida murmurou:

____ A vida acabou...

Já não há mais aves,

nem cantos,

nem flores.

Não há mais crianças

correndo na praça...

Nem Montanha Russa...

Nem algodão doce...

Já não há mais sol

brilhando no céu!

A árvore amiga, sem

viço, sem sombra, sem frutos,

secou.

O mar e o rio ninar

já não podem...

A vida calou-se, esperando

o cordeiro.

Então, vieram os infames e

amordaçaram-me, como à Anastácia,

calaram os risos que, antes ecoavam em meus ouvidos...

E tal qual Luzia,

fiquei no escuro, meus olhos...

eles arrancaram, para que desse modo

eu julgasse que o mundo não é mais mundo

e que Você e Eu... Nós, já não existimos nele!

Assim fizeram Eles-Sábios...

Apagaram tudo, deixando tão somente cinzas

pestilentas,

preenchendo o imenso vazio

da Pátria, antes AMADA!

Acordei...

Acordei ou

ADORMECI?

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 22/06/2013
Reeditado em 20/03/2022
Código do texto: T4353530
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