O OLHAR ESTÉRIL

Feito árvores que não produzem frutos – mesmo que aparentemente catalogadas como frutíferas – ocorrem situações de conteúdo e forma em que a peça está apresentada em versos, porém que de Poesia nada contém, por falta de linguagem codificada, característica da Poética. São meros versos, sem a presença da poesia e seus entornos... Cada qual com a sua linguagem e seus signos referenciais. Comparáveis, analogamente, à mulher incapaz de gerar descendência, pousando o amor de amar nos olhos das crianças de dentro dela. A beleza se instaura mais além, no olhar tristonho das frustrações. E beberá o maná para sempre no olho d’água límpido das outras. Sempre fugindo ao rigor das tempestades de areia sobre o andarilhar necessitado de águas e abrigo. Perdido no deserto, o oásis sofrendo a cada vento...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4352152