QUE ESSE GRITO NÃO SE CALE

Há tantas coisas por gritar

Há tantas outras que virão

Nosso grito,

como um estrondo de trovão; não cessará

E tantos outros gritos virão

A rua falou sua voz

Muitos tamparam ouvidos,

não queriam ouvir o que chegava

E fecharam os olhos para não ver quem vinha

Mas como onda que forma mar,

tomamos ruas, pontes e avenidas

e tudo era povo que a rua vencia

Balas foram disparadas

Olhos lacrimejaram e arderam

Porém, passado o incômodo provocado

Lá estávamos, mais fortes e mais unidos

Não vence o povo

aquele que dele duvida

Povo que é povo e sabe quem manda,

vence balas, canhões e bombas lacrimejantes

Eles, porém, não sabem,

que ferida se cura com resistência

e sangue se estanca com bravura

O velho trouxe sua experiência d'outras lutas

de tempos igualmente truculentos

Venceram com bravura e isso nos alimenta

A criança, doce e ainda em candura,

dela apreendemos que quem sonha vive novos dias

A autoridade reviu nefasta posição

Não foi por benevolência,

nem tampouco, por espírito magnânimo

Só reviu posição arrogante,

porque da rua não saímos

E chegado seja o dia

onde fardas não ataquem quem luta por direitos,

posto que sempre que assim agirem,

saibam eles, nós resistiremos