PASSEANDO NA FLORESTA
Hoje eu não quero sofrer. Não quero lembrar os rostos pálidos, em que a fome e a falta de esperança desenharam olhos batidos, rugas profundas e o sorriso quase ausente. Nas filas do SUS ( Sistema Único de Saúde).
Hoje eu não quero passear entre os que desprezam a saúde de outrem e que por negligência, imperícia, imprudência e falta de respeito, deixam perecer em extrema tristeza e desespero, um ser humano. Como se se tratasse apenas de uma morte a mais!
_ Isso acontece! _ dizem eles.
E nem mesmo são punidos pela lei.
Não. Hoje não dá para aceitar a inconsciência dos egoístas, a impotência dos oprimidos e o clamor das vítimas da violência. Nem dá para ver a usurpação dos direitos. Mesmo por parte do Estado.
Não quero a verdade dura e triste dos desprovidos ou dos angustiados e magoados pela passagem do tempo.
Hoje na floresta em que passeio, eu quero a verdade do canto dos pássaros; quero a verdade da brisa envolvendo o meu rosto; quero os odores das árvores e ervas, dos frutos, da terra úmida. Eu quero a animação dos animais que procuram seu alimento pulando ou correndo. Ou brincando.
Quero a verdade da calma das águas que permeiam a floresta, dando-lhe vida e beleza.
Ah! Como eu quero hoje a verdade e a liberdade! Mas a verdade do raio de sol, que vagarosa e firmemente busca uma fenda no meio das árvores. E que ele, o raio de sol, venha iluminar minha liberdade de amar o meu amor, desfrutando de toda a beleza de nossos instantes. Silenciosamente. Ou não. Sem pensar nem um pouquinho nas infelicidades que estão fora desta minha floresta.