PROSA EVOCANDO LEMBRANÇAS DE INFÂNCIA

“ Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!”

Casemiro de Abreu (1839-1860) “ Meus oito anos"

_ Para a mesa! exclamava minha mãe. E nós nos assentávamos para tomar nossa refeição, após a oração habitual de agradecimento. Sempre com mamãe e papai presentes.

As coisas de que mais me lembro desse tempo são o cheiro e o gosto dos bifes e dos peixes, cujos temperos e a mão de minha mãe faziam sobressair extraordinariamente o sabor..

Havia ainda os assados e as pastas com seus molhos, as canjas de galinha e arroz, ovos mexidos, pães com manteiga, pães com bananada. Mas a goiabada com queijo, hum!... era deliciosa e insuperável.

Como eu gostava dos pudins de laranja e dos doces de coco que mamãe fazia!

De manhã, tomávamos o nosso café com leite, comíamos o nosso pão e uma fruta qualquer e saíamos para as brincadeiras. Essa era naquele momento, toda a nossa preocupação. Tínhamos a vida cercada de barulho, alegria e vivacidade.

Mas o Tempo, como sempre, não detém o seu curso , nem suspende seu voo, como queria o poeta francês Lamartine. E tantos anos depois, nos vemos assaltados pelas lembranças de um pai vigoroso e da mãe mais jovem, sadia, trabalhadeira.

Ah! A vida não é senão um curto momento ou uma centelha em relação à eternidade. E devemos suportar a ausência irremediável dos pais, tão amados!

As doces e boas lembranças deles e de nossa infância são tesouros escondidos no coração. E se, por uma memória involuntária ou não, elas despertam, ah!.. quanta tristeza e quanta saudade!..

Esther Lessa
Enviado por Esther Lessa em 13/06/2013
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T4340409
Classificação de conteúdo: seguro