Espasmos Noturnos
Espasmos noturnos, entre um pesadelo e outro, partículas voam ao meu redor
Impossível levantar dessa força que me retêm, era um corpo ontem a noite, éramos nós dois e mais nada.
Eram sonhos, promessas, era a vontade.
Mas os pesadelos não acabam, não enquanto eu não acordo.
E quando acordar, tenho medo do que posso encontrar
Eram mães em frente a maternidade, eram filhos baleados, e pais embriagados,
Havia sangue e rosas e não havia caminho a se escolher
Mais um espasmo, uma cãibra concentrada na panturrilha esquerda, um isqueiro perdido em meio a tanta gasolina. Um cigarro sem acender.
Atravessou a rua na minha frente.
Uma chuva incontestável, uma velocidade sem medida, um corpo ao céu.
No bar, um berço, o nosso, dormimos e nos denominávamos adultos mimados entre o café de todo dia e o sexo forçado a noite
Mais álcool
Já amanhecia, sem coragem nenhuma, apaziguando pensamentos inférteis.
A seringa padecia ao chão.
Ao meio do céu, o sol estrelava, em um palco só seu. Em um mundo que girava fora daqui.
Pela janela, com frestas quebradas, avariando minha visão
Eu assimilava seu reflexo nu
E dissimulava as ideias já pouco usadas enquanto você ia assumindo formas, até se esvair no reflexo perdido que me acordou.
Ao som de BON IVER - PERTH