NÃO SE SENTIR SÓ
Ainda que me sinta só nas minhas andanças,
sei que vais comigo e quando chego ao meu
destino te fazes presente faz tempo, sem que
eu percebesse que passaste por mim.
E se o caminho é pedreguento, íngreme, poento,
e cansado vou, Tu me carregas nos ombros teus
antes que eu me fira os pés na minha sofrível
jornada.
Eis que o dia se esvai dando lugar à noite
escura de sonhos esvoaçantes. Nesta hora o
cansaço já me domina e o sono se de mim
aproxima algoz a se tornar alucinante.
E se a escuridão me turvar não temerei, pois,
percebo-Te enquanto um simples lampejo a
clarear minh’alma, redefinindo-me o caminho,
ainda que faça escuro.
Ao raiar do novo dia vens escondido no dia
novo, no cantar da passarada, no orvalho
da manhã e na relva que aos campos e flores
embelezam e dão frescor, fulgor e viço.