Adeus, adeus

Sinto que chegou a hora.

Devo partir.

Se ficar tenho plena certeza

De que não serei feliz,

Como antes pensava que seria.

Se ficar estarei condenando-me

A um viver sem esperança,

Um viver de ilusão.

Não me conhecia.

Agora eu sei.

Pensava ser alguém

Que hoje vejo claramente

Está muito distante

Do que realmente sou.

Sempre deixei que a vida me levasse,

para onde quisesse, sem reclamar.

Sem contestar,

Sem fazer perguntas.

Simplesmente a seguia.

Mas, de repente sinto

Que posso ser dona de minhas vontades.

Dona do meu caminho.

O tempo passa veloz

E quando nos damos conta,

Já não somos mais as crianças de outrora.

Aquelas que traziam nos olhos,

Todo um universo de sentidos.

Passou.

Passou a inocência,

A puerilidade,

O frescor,

Passou o tempo.

Resta-me seguir.

Mas, desta vez, com destino certo.

Não posso levar ninguém.

Esta viagem é minha.

É para dentro

E não para fora.

É um mergulho interior.

É uma busca.

Sei que antes de partir

Devo abandonar metade de mim.

A metade que me arrasta,

Que me entristece,

Que me enlouquece.

Somente assim

Seguirei tranquila,

Com a certeza

De que me encontrarei.

Adeus.