A Cor Cinza de Um Dia Lindo


Na paz de um dia lindo viver sua modéstia e humildade. Sentir o esplendor de sua estação no sol, nas árvores nuas, no verde que ainda resiste a severidade do frio. É tempo precioso a comandar delírios de satisfação e mágoa. A cidade está desperta na apatia do seu próprio movimento circular. Melhor seria um barco a deriva no mar das ilusões, posto que aportaria em algum lugar. As crenças se põem no lugar mais alto, mas quando a ideia se vai, tudo vai junto. Entretanto o ato de ir embora e voltar aguça o olhar sobre a alma, o sentimento eclode e a paz se faz também na guerra. Explosão que faz soar aos ouvidos fazendo o ser imitar o leão... A pele rubra de suor e lágrimas ajusta a natureza a qual lhe emprestou, à fúria do olhar, a perspectiva mais terrível. Quando tudo parecia estar perdido percebe afinal, em si e no outro, o novo, o impensável. Cada um que o pouco der do seu tudo, nada terá a perder e tudo pode esperar ganhar, pois a face do amor que socializou o medo e a culpa cede lugar ao amor no seu melhor, que é luxúria disfarçada, do desejo que está na base de cada sonho (fantasia) deixando o coração fluir, falar, sentir-se vivo, bater mais forte, sem noção. Perder a noção é sempre a melhor forma de reintegrar o fluxo da dinâmica razão social. Viva! O novo e o velho no eterno retorno do mesmo. E então? Não era isso que estava a encobrir todas as verdades, quando todas as mentiras teimavam em estarem postas? Dar conta de sua própria verdade eis a grande tarefa, o embate do grande conflito final. Como se o prêmio fosse entender, no último instante, o sentido de seu próprio destino.

In: 'A Cor Cinza de Um Dia Lindo' prosa de Ibernise.
Barcelos (Portugal), 21JAN2013
Ibernise
Enviado por Ibernise em 06/06/2013
Código do texto: T4328777
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