Sou Manifesto
Queria estar numa caixinha, guardada no bolso superior do seu casaco. Seria belo o momento em que você, ao se sentir só, reflexivo e com medo, tateando como quem procura um maço de cigarros, ou um isqueiro, apressado e ansioso pelo prazer de uma tragada, ao encontrar a caixinha e abri-la, me descobria sempre na certeza que nossos olhares estariam a sorrir ao se encontrarem.
E você me poria entre os dedos de suas mãos, as duas mãos, com uma sintonia fina, delicada especialmente treinada para nunca machucar, me tocaria com a ponta de cada dedo, com o roçar de seus lábios e da sua face. Você enfrentando aquela desproporcionalidade entre tamanhos e fragilidades, me faria rolar nas palmas de suas mãos unidas em concha, apreciando curioso minhas saias se enroscarem e esvoaçarem para todos os lados, numa dança horizontal de entretenimento e devaneio.
E tudo seria o silêncio a gritar por nós palavras de amor, a falar de tudo que sempre queremos escutar e que sempre esperamos encontrar alguém para nos dizer.
O sonho dos aflitos, o êxtase dos desatinados, a satisfação do desejo do encontro. O alívio certo que está sempre pronto a ser dado ao outro quando a amizade é tudo no nada do mar de injustiças que às vezes inunda a vida dos seres adultos e pueris, mas só o nosso lado criança é capaz de se soltar, de se despojar de tudo e nu, completamente se pôr a mercê do desejo do outro...
Só o ser criança se permite a fragilidades, se arrisca, se entrega as incertezas sendo feliz apenas por poder tentar. Joga com o desconhecido afeto no seu mais alto estilo, na sua maior necessidade. A nobreza de aprender a viver, e cada momento da descoberta é pleno de felicidade, é um voo cego no espaço de suas incipientes consciências sem esperar tocar o fundo.
Espera simplesmente flutuar, e enquanto isso o mundo é seu... É assim que o mundo seria nosso... Eu na caixinha e você criança preciosa e suprema na sua pureza, a me guardar apenas para brincadeiras especiais. A certeza da glória suprema, é o que somos quando apenas nos bastamos, apenas confiamos que o encontro é a presença contida também na espera. Porque como no manifesto '0 tempo urge que sejamos felizes e completos'.
In: 'Sou Manifesto'. Prosa de Ibernise.
Barcelos (PT), 10ABR2013.
Queria estar numa caixinha, guardada no bolso superior do seu casaco. Seria belo o momento em que você, ao se sentir só, reflexivo e com medo, tateando como quem procura um maço de cigarros, ou um isqueiro, apressado e ansioso pelo prazer de uma tragada, ao encontrar a caixinha e abri-la, me descobria sempre na certeza que nossos olhares estariam a sorrir ao se encontrarem.
E você me poria entre os dedos de suas mãos, as duas mãos, com uma sintonia fina, delicada especialmente treinada para nunca machucar, me tocaria com a ponta de cada dedo, com o roçar de seus lábios e da sua face. Você enfrentando aquela desproporcionalidade entre tamanhos e fragilidades, me faria rolar nas palmas de suas mãos unidas em concha, apreciando curioso minhas saias se enroscarem e esvoaçarem para todos os lados, numa dança horizontal de entretenimento e devaneio.
E tudo seria o silêncio a gritar por nós palavras de amor, a falar de tudo que sempre queremos escutar e que sempre esperamos encontrar alguém para nos dizer.
O sonho dos aflitos, o êxtase dos desatinados, a satisfação do desejo do encontro. O alívio certo que está sempre pronto a ser dado ao outro quando a amizade é tudo no nada do mar de injustiças que às vezes inunda a vida dos seres adultos e pueris, mas só o nosso lado criança é capaz de se soltar, de se despojar de tudo e nu, completamente se pôr a mercê do desejo do outro...
Só o ser criança se permite a fragilidades, se arrisca, se entrega as incertezas sendo feliz apenas por poder tentar. Joga com o desconhecido afeto no seu mais alto estilo, na sua maior necessidade. A nobreza de aprender a viver, e cada momento da descoberta é pleno de felicidade, é um voo cego no espaço de suas incipientes consciências sem esperar tocar o fundo.
Espera simplesmente flutuar, e enquanto isso o mundo é seu... É assim que o mundo seria nosso... Eu na caixinha e você criança preciosa e suprema na sua pureza, a me guardar apenas para brincadeiras especiais. A certeza da glória suprema, é o que somos quando apenas nos bastamos, apenas confiamos que o encontro é a presença contida também na espera. Porque como no manifesto '0 tempo urge que sejamos felizes e completos'.
In: 'Sou Manifesto'. Prosa de Ibernise.
Barcelos (PT), 10ABR2013.