Nossa vida é como a pauta musical: há linhas e espaços. Há dias em que permanecemos firmes sobre as linhas, em outros parece que ficamos pairando num dos espaços, nas entrelinhas, hesitando entre subir e descer. Nesses dias, Mínima é a vontade de fazer qualquer coisa.
Quando sentimos uma tristeza aguda na alma é preciso dar uma pausa e em breve já entramos em outro compasso, talvez um alegro, num ritmo bem moderato, pois não podemos deixar a batuta cair.
Às vezes não queremos ouvir nenhum som, nem forte nem piano; nenhum tom, nem semitom, queremos apenas o silêncio das pausas das semibreves. Quem sabe uma fermata de pausas (se isso fosse possível!).
Na orquestra da vida, somos vozes de timbres variados, ora cantamos em uníssono, ora executamos uma polifonia, por vezes fazemos um solo. Mas o importante é não perder o tom e executar a melodia com a intensidade necessária a cada trecho.
Quando aparece um problema muito grave nos sentimos deprimidos e precisamos de linhas suplementares para grafar as notas de tristeza que existem na partitura de nossa existência. Dá vontade de fazer um ritornello na vida: da capo à juventude, o tempo da inocência, do descompromisso.
Mas, ao contrário, a execução da sinfonia de nossa vida não admite da capos ou ritornellos: temos que tocá-la direta e inevitavelmente dos primeiros acordes da abertura à coda, ao gran finale que trará as últimas notas antes da pausa final.
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