medo

Sou noite.
Sou trevas.
Sou sombras.

Multiplico-me em mim.
Tenho inúmeros nomes.

Espalho-me e adormeço sedento.
Quero o negro e o breu.

Não há facho de luz ou naco de paz que me liberte.
Caminho entre os que não me vêem.

Entristeço os amantes,
Separo os casais,
Torturo as famílias e alimento a solidão.

Alguém do espaço nu, corta a noite e se alça no vão de minhas desilusões.

Mais um dia chega e o mundo conta seus novos cadáveres.

Em meu refúgio aguardo novas oportunidades.

Ao por do sol renasço e reino.

No dia guardo-me nas mentes dos homens.
Sou imbatível, invencível e incontornável.

Não se desespere por esperar,
Ainda habitarei em ti...