A VELHA CALDEIRA NO JARDIM
Ysolda Cabral
A velha caldeira no jardim sob a chuva fina demonstra certa dignidade que me comove, me fascina. Grande vaso metálico para aquecimento de líquidos, agora jogado pela inutilidade aguarda o seu destino. Com certeza um Ferro Velho qualquer, onde deverá ser retalhado e vendido por trocados, para servir de solda a veículos usados, baldes, vasilhas... A chuva, agora mais forte, lava sua carcaça e um triste verde se descobre... Eu me pergunto como um objeto inanimado pode me levar às lágrimas e a querer lhe agradecer a companhia por mais de vinte anos. Companhia nem sempre agradável, diga-se de passagem... Ora quente, em tempos quentes; ora frio em tempos frios, sempre trabalhando obstinadamente o contrário daquilo que deveria. Mas, enfim, lá está a velha Caldeira sob a chuva forte, que alaga a rua, invade os prédios e lhe revela a beleza imponente e intacta.
Ela sorri e eu choro ao vê-la daqui indo embora...
Recife-PE
05.06.2013
Ela sorri e eu choro ao vê-la daqui indo embora...
Recife-PE
05.06.2013